
Por aqui a pretensão é criar um espaço de manifestação pessoal sobre a política e sobre a polis. Um instrumento de crítica da política, mas não contra a política.
Acompanhar a política nacional e local – e sobre ela discursar – pressupõe o exame da polis e dos seus integrantes, o cidadão e a comunidade (o conjunto de cidadãos); reclama observações de como essa comunidade se reproduz e se organiza em termos econômicos, jurídicos, sociais, morais, culturais etc. E como ela busca o bem comum.
Aristóteles, em Política, asseverou:
“Vemos que toda cidade é uma espécie de comunidade, e toda ela se forma com vistas a algum bem(o bem comum) pois todas as ações de todos os homens são praticadas com vistas ao que lhes parece um bem; se todas as comunidades visam a isso, é evidente que a mais importante de todas elas e que inclui todas as outras tem mais que todas este objetivo e visa ao mais importante de todos os bens; ela se chama cidade e é a comunidade política” (Pol., 1252a)
Assim, segundo o filósofo grego, não há como afastar a ideia de busca de bem comum para a comunidade sem reconhecer o seu estatuto político.
Por isso, quem desacredita a política – não faz a crítica da política, mas a crítica contra a política – não almeja o bem comum, mas outros interesses (ou, então, age como um ignorante, não no sentido pejorativo do termo).
Para fazer a crítica da política é necessário, de certo modo, apostatar a ideologia e o próprio campo político a que pertence o crítico. É esforço dialético, uma negação da tese para a construção de nova síntese. Não é da “natureza” da esquerda acomodar-se em suas próprias convicções e certezas, porque, conforme descreveu Marx e Engels no Manifesto Comunista:
“Tudo o que era sólido se desmancha no ar, tudo o que era sagrado é profanado, e as pessoas são finalmente forçadas a encarar com serenidade sua posição social e suas relações recíprocas”.
Charles Leonel Bakalarczyk