
Por Flávio Bettanin
Os quatro jornalistas da Globo News de ontem à noite (29/04/2023) concentraram-se comentar às manifestações de economistas, psicólogos, sociólogos que alertam sobre as consequências sócio-econômicas da inteligência artificial, em especial as que preconizam colocar freios a essa nova tecnologia.
A Zero Hora, 30/04/2023 , no artigo com o título “MUSK e especialistas pedem para pausar a IA”, afirma-se:
“O pedido de pausa visa dar tempo para que sejam estabelecidos sistemas de segurança com novas autoridades reguladoras , vigilância de sistemas de IA , técnicas que ajudem a distinguir entre o real e o artificial e instituições capazes de fazer frente a ” perturbação econômica ( especialmente para a democracia) que a IA causará”.
O pânico dos jornalistas penso que decorre dos alertas dos especialistas, mas estes, principalmente os economistas , por conhecerem as teorias do cientista que discorreu sobre as leis do desenvolvimento histórico. Estes especialistas leram o que Marx escreveu no prefácio da Crítica à Economia Política :
“Em determinado grau de sua evolução , as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes ou, o que não é senão uma expressão jurídica disso, comas relações de propriedade em cujo seio se tinham movido até então. Estas relações transformam-se de desenvolvimento das forças produtivas em seus entraves. Abre-se então uma época de revolução social “.
Não pretendo aqui ampliar considerações sobre o pânico dos intelectuais da classe dominante, estes como é natural estão pondo entraves, com a hipocrisia que lhe é própria “pausas”, ao avanço tecnológico que implica em novas relações de produção e relações sociais. Minha preocupação é com grau de consciência e disposição da esquerda frente à essa realidade. Principalmente, no caso do Brasil, que a esquerda está, em frente ampla, no governo. Lamentável seria que o programa de governo fornecesse entraves à tecnologia na perspectiva conservadora.
Em resposta a Flávio Bettanin (por Charles Bakalarczyk):
@Flávio Bettanin, não tenho resposta para a pergunta do teu título. O que posso dizer: o capitalismo na sua atual fase (financista) é uma grande pirâmide financeira.
Com o avanço tecnológico, o trabalho morto poderá substituir quase que integralmente o trabalho vivo (claro que estas duas categorias marxianas tem ser reinterpretadas, ao meu ver, mas aqui não há espaço para essa discussão).
Tal fenômeno vai minando a possibilidade de extração de mais valia para acúmulo de capital.
Além disso, sem “assalariados” (entre aspas, porque a precarização do trabalho mascara o pagamento de salários) reduz os consumidores (só a elite econômica não mantém o nível de consumo necessário).
Nesse estado de coisas, a base da pirâmide é destruída.